terça-feira, 13 de março de 2012

MOEDAS "VEREDAS"

 Moedas sociais alternativas ao real circulam em 65 localidades do Brasil


Publicação: 23/10/2011 16:01 Atualização: 23/10/2011 12:07


'Desde o início (do vereda), os negócios melhoraram. Mas muitos ainda não entendem a importância de usar a moeda. Falta divulgação'
Wandrey Santos Porto, empresário
"Desde o início (do vereda), os negócios melhoraram. Mas muitos ainda não entendem a importância de usar a moeda. Falta divulgação" Wandrey Santos Porto, empresário



Brasão Chapada GauchaBandeira de Chapada Gaucha




Chapada Gaúcha (MG)
 — Está sem reais na carteira e quer pagar em pacas, veredas, potiguaras, rios, tupis ou sampaios? Se for adquirir um produto na farmácia de Wandrey Santos Porto, 38 anos, localizada na cidade de Chapada Gaúcha (MG), a 340 quilômetros de Brasília, pode escolher a vereda. Já no Parque Potira, bairro com cerca de 20 mil habitantes da cidade de Caucaia (CE), a opção é a potiguara. Apesar de o Brasil ter uma única unidade monetária oficial, reconhecida facilmente pela figura da República estampada em uma das faces das cédulas, uma forma alternativa de pagamento está conquistando cada vez mais espaço em pequenos municípios e comunidades. Espalhadas pelas cinco regiões do país, 65 moedas sociais circulam, atualmente, nas mãos de pelo menos 512 mil pessoas e movimentam o equivalente a R$ 49,5 milhões. 

A ideia de apostar em um dinheiro alternativo surgiu no Brasil em 1998, com a fundação do Banco Palmas, que atende a comunidade do Conjunto Palmeira, com 32 mil habitantes, na capital Fortaleza (CE). O projeto cresceu e, hoje, os 65 bancos comunitários brasileiros funcionam como casas de câmbio e empregam diretamente quase 200 pessoas. Os comerciantes e os moradores trocam o real pelo papel local, que pode ser usado para pagar por bens e serviços — na prática, uma sofisticação do escambo. Todas as moedas sociais são lastreadas em reais e paritárias à oficial. Ou seja, para cada unidade regional que sai das instituições, um real volta para o caixa. O total dessas cédulas nas carteiras dos brasileiros equivale a R$ 550 mil.No município Chapada Gaúcha, no interior de Minas Gerais, a maioria das ruas é de terra batida e as residências não são atendidas pelo serviço de esgoto. Para chegar à cidade, ainda é preciso percorrer 30 quilômetros sobre o barro, o que inviabiliza a passagem dos carros nos dias de chuva e prejudica a economia, baseada na agricultura — principalmente na produção de sementes de capim. Para tentar desenvolver o comércio local, os moradores se organizaram e criaram, em 2009, o Banco Comunitário Chapadense, o primeiro do estado. Lá, há 6 mil veredas em circulação.

VantagensNa tentativa de alavancar a iniciativa, o empresário Wandrey Porto oferece descontos que variam de 5% a 10% para quem comprar medicamentos ou cosméticos com as veredas. Ele calcula que um terço das vendas é feito por meio da moeda. Mas reconhece que ainda há barreiras a serem superadas. “Desde o início (do vereda), os negócios melhoraram. Mas muitos ainda não entendem a importância de usar a moeda. Falta divulgação”, avalia.

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